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Como tornar a língua portuguesa mais influente no mundo (Parte I) – Nosso Idioma

O português é um gigante global no mundo das línguas graças ao Brasil, mas a sua influência cultural e preparação tecnológica estão muito abaixo do seu peso demográfico. Estudos científicos recentes explicam como resolver este paradoxo.

A língua portuguesa tem 240 milhões de falantes em quatro continentes, é a quinta mais falada no mundo e em número de utilizadores da internet, bem como a terceira no Twitter e no Facebook, mas a sua influência global não parece ser muito grande. E está pouco preparada para a era digital.

Estudos científicos recentes constatam esta realidade de forma muito precisa, mas mostram como se podem superar estes problemas de modo que o português se transforme numa língua verdadeiramente global. Tudo passa, antes de mais, por políticas públicas e iniciativas da sociedade civil, através do sistema de ensino, que aumentem o número de estrangeiros que falam a nossa língua e que promovam a cultura portuguesa através da tradução de obras de autores nacionais para outras línguas. E, noutra frente, por investir na tecnologia da linguagem (software) em áreas cruciais como a tradução automática, a análise de texto ou o processamento da fala.

Na primeira frente são estas as propostas de Bruno Gonçalves, um investigador português do Centro de Física Teórica da Universidade de Aix-Marseille (França), que faz parte de uma equipe multidisciplinar internacional que publicou recentemente um estudo sobre a influência global de cada língua através das suas ligações a outras línguas, com base nos dados dos utilizadores da Wikipedia e do Twitter, e das traduções de livros em todo o mundo.

Português na terceira divisão O estudo, publicado na revista científica de referência internacional “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), não se baseia assim na demografia, isto é, na tradicional hierarquia do número de falantes de cada língua, mas na estrutura das redes que ligam falantes de várias línguas em simultâneo e textos traduzidos. E conclui que as línguas de todo o mundo revelam uma estrutura hierárquica dominada por um “hub” central, o inglês, e uma constelação de “hubs” intermédios, que incluem outras línguas globais como o castelhano, o alemão, o francês, o italiano e o russo.

O português situa-se no nível hierárquico seguinte (o terceiro), onde figuram também o holandês, o sueco e o dinamarquês, apesar de terem muito menos falantes. Curiosamente, embora o chinês, o árabe e o hindi sejam falados por mais de 2,6 milhões de pessoas, “são línguas mais periféricas na rede mundial de influência linguística”, refere a investigação publicada na PNAS.

Esta forma inovadora de medir a centralidade mundial de uma língua foi validada através da demonstração de que esta tem uma forte correlação com o número de pessoas famosas nascidas nos países associados a essa língua. Ou seja, a posição de uma língua na rede mundial de ligações “contribui para a visibilidade dos seus falantes e para a popularidade global dos conteúdos culturais que eles produzem”.

*Virgílio Azevedo, jornalista português, repórter principal do semanário Expresso.

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