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Breve reflexão sobre o uso dos pretéritos perfeito e imperfeito – Nosso Idioma

Os tempos verbais de passado em português representam, sem dúvida alguma, uma dificuldade a ser enfrentada, frequentemente, por aprendizes e professores de português como segunda língua e/ou língua estrangeira (PL2/PLE).

Buscar de maneira objetiva, clara, didática e funcional as diferentes matizes que envolvem os usos, sobretudo, do pretérito perfeito simples e do pretérito imperfeito é uma árdua tarefa para aprendizes e professores. Somente os profissionais que trabalham, especificamente, na área de ensino de PL2/PLE conhecem o difícil caminho que é preciso percorrer para explicar empregos dos referidos tempos que, para muitos estrangeiros, não fariam nenhum sentido.

Contudo, sabemos que é preciso lidar com esses usos e encontrar uma perspectiva que norteie as diferentes possibilidades de emprego que estes dois tempos podem manifestar. Esta perspectiva, por sua vez, deve basear-se em conceitos teóricos e práticos que levem em consideração o momento da fala (ME), o momento da realização da ação expressa pelo verbo (MR) e o momento da referência (MR).

Esta visão da expressão de tempo verbal vislumbra duas importantes questões no fornecimento de instruções para situar: a) o momento do evento”, ou seja, para localizar no tempo a ação expressa pelo verbo e b) a confirmação da intuição corrente de que o fundamento direto ou indireto da interpretação das formas verbais flexionadas em tempo é a dêixis, isto é, a referência à própria situação da enunciação.

No ponto relativo ao momento da referência, podemos observar o tempo semântico expresso por adjuntos adverbiais que desempenham importante função no discurso e que, associados a informações co-textuais e contextuais, são fundamentais para a compreensão e produção de enunciados construídos com o pretérito perfeito simples e com o pretérito imperfeito.

Para finalizar e ilustrar esta nossa breve reflexão, provocamos o leitor a pensar em caminhos para explicar aos aprendizes de PL2/PLE de que forma empregamos o pretérito perfeito, por exemplo, com valor de futuro (Amanhã, já esqueci tudo!) e, ainda, o pretérito imperfeito, indicando ação em andamento (Eu já fazia este tipo de trabalho desde a adolescência).

Por outro lado, mais provocador, ainda, é pensar em como definir parâmetros para informar a estes aprendizes que nem sempre esse “modelo” de estrutura funciona corretamente (*Amanhã, eu já almocei tudo./*Eu já terminava este tipo de trabalho desde a adolescência.). O caminho parece-nos ser a realização de uma pesquisa descritiva, de base funcionalista, que considere: a) o uso de determinadas expressões adverbiais de tempo, b) o aspecto verbal e c) a tipologia semântica dos verbos escolhidos pelo enunciador.

Fica, aqui, então, um convite à pesquisa para aqueles que já estão ou que querem mergulhar no processo de formação do professor de português como língua estrangeira e/ou segunda língua!

* Adriana Albuquerque possui graduação em Letras, mestrado em Língua Portuguesa e doutorado em Letras. É professora e coordenadora do curso de Formação de professores de português para estrangeiros e das disciplinas de português oferecidas para os alunos de intercâmbio da PUC-Rio.

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