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As esferas do ensino de português para estrangeiros! – Nosso Idioma

Nestes últimos anos, a procura por aulas de Português como Língua Estrangeira aumentou significativamente. Nos cursos de Letras, é rara a abordagem do ensino da nossa língua materna voltada aos estrangeiros. Então este é um campo potencial, mas ainda em construção para os professores que optam por seguir esta linha de abordagem.

Nesse sentido, é lógico que os estudos em Linguística Aplicada, Psicolinguística e Aquisição de Linguagem vão muito além; mas alguns fatores elementares devem ser levados em consideração ao aceitar o desafio de ensinar PLE. Vejamos então que uma língua se aprende em 4 esferas:

A esfera das habilidades: aprender uma língua não é simplesmente apreender um conteúdo, e sim desenvolver habilidades, quais sejam: fala, escuta, leitura e escrita. Quando isso é compreendido, o professor percebe que é preciso recursos mais complexos que auxiliem o aluno a exercitar e a desenvolver estes campos.

A esfera da comunicação: a maioria dos alunos estuda uma língua para se comunicar – isto é, precisam se expor a situações reais de vivência, pois é no dia a dia que eles colocarão seu conhecimento em prática: como pedir um táxi, reservar uma mesa num restaurante, comprar um remédio em uma farmácia, pedir uma orientação na rua…

A esfera da cultura: essa esfera geralmente está atrelada à parte afetiva da construção de conhecimento. Se a língua é um reflexo da forma como o homem vê o mundo, ela vai expressar esses olhares; e o Português Brasileiro é um prato cheio: cheio de expressões idiomáticas, de maneiras próprias de expressar uma mesma ideia, de regionalismos, de contextos, de história, de arte, de literatura, de música, de gastronomia. Quanto mais o professor trouxer aos alunos esses aspectos, mais próximos podem se sentir de uma construção identitária – e naturalmente o aluno se sentirá motivado.

A esfera da estrutura: essa é a ferramenta da língua, que diz respeito à abordagem gramatical, sintáticos e fonéticos. Enquanto as outras esferas se encarregam de uma aproximação mais próxima dos sentidos, da identificação, do contexto, esta é a que nos mostra a lógica estrutural da língua, isto é, como ela se organiza em nível de oração, de frase, de período, de texto. Embora seja uma abordagem de grande importância, muitos professores acabam dando somente este foco em suas aulas, deixando de lado todas as outras esferas pertinentes ao aprendizado de uma língua estrangeira.

Então, muito antes de focar na conjugação de verbos, o professor precisa ter a sensibilidade para observar que, no processo de aprender uma língua há sobretudo um sujeito inserido em um determinado contexto, possuidor de uma bagagem cultural e de percepções pessoais e sensoriais do que está à sua volta. Ensinar é, portanto, aprender a observar.

*Tatiana Matzenbacher é Diretora Executiva do Falando Brasileiro (www.falandobrasileiro.com.br). Formada em Letras/Português, mestre em Literatura Brasileira Contemporânea, trabalha com ensino de Português para Estrangeiros há oito anos. Já foi Professora na Universidade de New South Wales e Coordenadora Pedagógica na PLS, ambas na Austrália. Agora se prepara para assumir um cargo de Professor-Leitor na Sorbonne Nouvelle, em Paris.

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