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O papel das vogais na oralidade – Nosso Idioma

Recentemente estive no III Encontro Mundial sobre o Ensino de Português, realizado na Columbia University (NY), que por sinal mais uma vez foi um sucesso, e tive o privilégio de assistir a palestra do professor Nelson Viana da Universidade Federal de São Carlos (São Paulo), falando sobre os aspectos da oralidade no ensino do português como segunda língua.

Tema bastante complexo para nós, professores, dada a imensidão, em todos os sentidos, do nosso Brasil e dada a escassa literatura nessa área. Antes de iniciar seu discurso, ele tocou em um assunto que deixou a todos com um gostinho de quero mais. Nelson mencionou, por alto, a questão dos diversos papéis que as vogais podem assumir na oralidade.

Nesse mesmo sentido, dias atrás me deparei com a matéria da professora Elisabete Montero, publicada nesta coluna, no dia 10 de abril de 2014, na qual ela também fala sobre essa plasticidade da língua, segundo ela, fruto da criatividade e da liberdade, que nos permite brincar com os sons, com as palavras, com os sentidos, etc. O exemplo dado por ela foi o “Aió!”, junção de “aí” (advérbio) com “ó”, oriundo da redução de “olha”, o que seria um “olha aí.”

Em uma busca rápida em gramáticas normativas, ou até mesmo no google, encontramos listas de casos mais comuns de vogais e junções de vogais desempenhando papel em grande parte das interjeições. Quando furamos o dedo, por exemplo, falamos (ou gritamos, né?) “Ai!”, “Ui!”, “Au!”; quando alguma coisa nos surpreende, sai um “Ah!”, “Oh!”, “Uau!”; quando alguma coisa não sai como esperado, vai um “Iiiiiiiiiiih” bem longo; para chamamento, pode ser “Ou!”, “Ei!” e por aí vamos.

Se olharmos pros regionalismos, encontramos casos como “Uai” mineiro, que serve para quase tudo, dependendo então da entonação e do contexto, “uai!”. Tem também o “Eia” usado em algumas regiões que aparece como estímulo, espanto ou encerramento de uma ação. “E aí?”! Também pode ser incluído nessa categoria. A exemplo do “Ó”, já citado, usado para chamar a atenção do interlocutor, também temos o “Aí” e o “Aê” cariocas, desempenhando a mesma função.

Ah! É preciso ressaltar que esse texto reflete apenas a minha impressão e uma busca muito superficial sobre o assunto, mas que vale a pena uma investigação mais a fundo. Tenho certeza que encontraremos coisas bem legais!

*Felippe Sodre possui graduação em Letras (Português/Literaturas) pela Universidade Gama Filho (RJ). É mestrando em Estudos da Linguagem pela PUC-Rio e atua na área de português como segunda língua, lecionando e pesquisando há 5 anos.

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