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Escrever: por que parece tão difícil? – Nosso Idioma

Às vezes, temos que escrever um texto, mas nos perguntamos: Por onde começar? Em outras ocasiões, se somos professores, vemos a cara de desespero dos alunos na hora de escrever. Ou, como pais, não sabemos como ajudar os filhos nesse momento. A reclamação, geralmente, é que falta inspiração… Mas será só isso mesmo?

Vamos ler o trecho a seguir, retirado de um livro de Monteiro Lobato, e refletir sobre o ato de escrever. Qualquer semelhança entre o que você sente na hora de começar a escrever e a sensação de Emília não é mera coincidência…

– Agora escreva: Capítulo Primeiro. O Visconde escreveu e ficou à espera do resto. Emília, de testinha franzida, não sabia como começar. (…) Emília, pensou, pensou, pensou, e por fim disse: – Bote um ponto de interrogação; ou antes, vários pontos de interrogação. Bote seis … O Visconde abriu a boca. – Vamos, Visconde. Bote aí seis pontos de interrogação – insistiu a boneca. Não vê que estou indecisa interrogando a mim mesma? (…) O Visconde começou a assoprar e abanar-se. Por fim disse: – Sabe que mais, Emília? O melhor é você ficar sozinha aqui até resolver definitivamente o que quer que eu escreva. Quando estiver assentado, então me chame. Do contrário a coisa não vai. – É que o começo é difícil, Visconde. Há tantos caminhos que não sei qual escolher. Posso começar de mil modos. Sua ideia qual é? (LOBATO, J.B. Monteiro. Memórias da Emília. 11. ed. São Paulo: Brasiliense, 1962. p. 10-13)

Quantas vezes estamos diante de um tema, precisando escrever, e não sabemos “qual caminho escolher”? Quantas vezes ficamos indecisos, “interrogando a nós mesmos”? Podemos, de fato, “começar de mil modos”, mas, se estamos pressionados pelo tempo – como na hora de um concurso -, precisamos criar alguma estratégia que facilite o processo de “pôr as ideias no papel”. Por isso, aqui vão algumas sugestões, propostas por vários professores e pesquisadores de língua portuguesa:

– Procure, ao ler um tema, interpretá-lo, perceber o que se pode falar sobre o assunto, quais as abordagens possíveis;

– Defina o objetivo do seu texto, para quem ele se destina, que forma ele terá (será uma carta, um artigo de opinião, um folder?…);

– Tente listar o máximo possível de “ideias” que você teve a respeito. Essa listagem, também chamada “tempestade de ideias”, pode ser feita com palavras, expressões, frases curtas ou mesmo pequenos parágrafos;

– Selecione, dentre as ideias listadas, aquelas que mais se encaixam na abordagem que você deseja dar ao tema e elimine as demais. Com as selecionadas, organize um roteiro, estabelecendo a possível sequência que você pretende desenvolver.

– Faça um esboço do seu texto, um rascunho, e releia-o diversas vezes, até ficar satisfeito com o resultado.

Pode parecer que essas etapas tomam muito tempo, mas mesmo quem tem prática, como famosos escritores, costuma escrever e reescrever seus textos. Procure fazer desse tempo um investimento. E lembre-se, principalmente, de que todo texto existe para ser lido, e o que você produziu deve ser agradável, gostoso de ler. Por isso, ao reler seu texto, procure ser crítico, mas não exagere: passe a confiar mais na sua capacidade de escrever!

*Leonor Werneck dos Santos – Profª de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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