Mitos e verdades sobre a aprendizagem de duas ou mais línguas ao mesmo tempo (Parte 1) – Nosso Idiom
Há muitos mitos sobre o aprendizado de segunda língua ou mais línguas ao mesmo tempo e como isso influencia o aprendizado do inglês e o desempenho acadêmico dos alunos. Educadores com boas intenções, mas bastante desatualizados, dizem para os imigrantes que o aprendizado de duas línguas não é saudável; que o aluno que tem outra língua como primeira língua fica para trás no aprendizado escolar e que não se sai bem nos testes acadêmicos. Entretanto, as pesquisas mais recentes mostram o contrário. Neste artigo, vamos verificar alguns mitos comuns e a verdade sobre eles.
O primeiro mito diz que o aprendizado de duas línguas ao mesmo tempo nos primeiros anos de vida atrasa, confunde e dificulta a aquisição do inglês. Não é verdade: estudos têm mostrado que o desenvolvimento concomitante de duas línguas beneficia o cérebro nas áreas de línguas, memória e atenção. A criança naturalmente separa as duas línguas e interpreta nuances culturais em seus contextos. Saber duas ou mais línguas dá à criança vantagens acadêmicas, culturais e cognitivas de longo prazo.
O segundo mito diz que a criança tem de estudar somente em inglês para aprender o inglês. Na verdade, estudos mostram que as crianças transferem conhecimento adquirido em uma língua para outra. Alunos que cantaram músicas, rimas, conversaram e aprenderam a ler e escrever cedo em uma língua com frequência têm melhor performance na escola nos ensinos fundamental e médio. Um aluno alfabetizado em uma língua já está alfabetizado, precisando apenas aprender os sons e as combinações da outra língua, e a matéria dada.
O terceiro mito diz que crianças que falam outra língua em casa e chegam na escola sem saber inglês têm atraso acadêmico e social e que, em geral, alunos latinos não frequentam kindergarten porque, nessas culturas, eles ficam em casa até mais tarde. Não é verdade. Os alunos latinos têm, de modo geral, uma saúde mental mais forte por causa das práticas positivas de criação latinas: as famílias são unidas, têm avós, tios e primos e conexão social alta. Os alunos latinos têm competências sociais superiores, que precisam ser reconhecidas e apoiadas. Por isso estimulam-se os brasileiros a continuarem com suas práticas sócio-culturais nativas no exterior (recebam pessoas, tenham festas sem horário determinado, sejam alegres, visitem-se e muito mais). Ainda sobre esse mito, outra conclusão a qual chegaram em outros estudos foi que os latinos colocariam seus filhos em programas de jardim de infância se tivessem programas acessíveis e com preço razoável.
Portanto, cautela no que escutam a respeito do aprendizado de várias línguas ao mesmo tempo. As crianças são beneficiadas ao aprender duas ou mais línguas ao mesmo tempo e são hábeis em lidar com os dois códigos ao mesmo tempo. São também beneficiadas em sua vida acadêmica, já que o conhecimento adquirido em uma língua se transfere para a outra, e as crianças ganham outras perspectivas na hora de entender o que está sendo ensinado.
*Valeria Sasser é coordenadora-geral do projeto Contadores de Estórias, membro do Conselho de Cidadãos de São Francisco e coordenadora do Núcleo Educacionista da Califórnia.