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Como escolher livros infantis – Nosso Idioma

Antes de discutir como podemos escolher livros para crianças, é importante pensar em que tipo de leitura queremos oferecer: um livro de qualidade literária; um “livro para criança”, mas com qualidade questionável; ou ainda um meio-termo. Claro que há muito a discutir sobre Literatura Infantil e Juvenil (LIJ), mas essa questão já dá pano pra manga…

O que chamo de “livro para criança” é qualquer material pensado para a criança, independentemente de ser ou não literário, podendo ou não ser de qualidade (e qualidade, aqui, pode parecer uma avaliação bem subjetiva), mas que possa colocar esse pequeno leitor em contato com o material livro. Pode ser um livro-brinquedo… Por exemplo, quando vamos visitar um bebê recém-nascido, em vez de roupinhas, por que não lhe dar um livro? Nesse caso, temos opções de livros de pano, plástico (pra levar pra banheira, morder, derrubar leite em cima…), borracha, acartonados, com abas pop-up ou não.

Esses livros – que às vezes têm páginas apenas com um desenho simples de baleia, um carrinho ou um copo grande e outro pequeno (pra ensinar o conceito de “opostos”) – são extremamente atraentes para os pequenos: coloridos, interativos, fáceis de manusear, duráveis. No que se refere à qualidade, entretanto, muitas vezes nos decepcionamos com, por exemplo, apenas palavras soltas e ilustrações óbvias ou estereotipadas, por vezes reproduzindo um personagem de desenho animado. Mas é possível encontrar livros com ilustrações bem elaboradas, ainda que simples, e pequenos textos lúdicos, que podem não apenas divertir as crianças mas também apresentar-lhes nuances de cores, texturas, jogos de palavras curiosos.

Já o livro de qualidade literária conta com texto e ilustração dialogando (sem um ser cópia do outro), proporciona uma abordagem inovadora de temas universais, apresenta contos clássicos (com ou sem adaptação modernizada, às vezes parodiando uma história conhecida), reconstrói a realidade numa perspectiva ficcional, desconstrói estereótipos. Para pensar um pouco no que significa ser literário, tomemos de empréstimo as palavras de Maria Lúcia Guelfi :

(…) a literatura é antipedagógica e deseducadora por natureza, em relação a sistemas estabelecidos sobre privilégios e concentração do poder. Possibilitando ao leitor o contato com diferentes pontos de vista, a literatura induz o indivíduo a perceber o relativismo das verdades, sempre a serviço de interesses de grupos e classes, levando-o à compreensão de que até mesmo valores éticos e formas de comportamento são construídos culturalmente, podendo, por isso mesmo, ser criticados e reconstruídos permanentemente”. (GUELFI, p. 137, grifos da autora)

Mas, na hora de escolher um livro para dar de presente a uma criança, nem sempre é o “literário” que encontramos na livraria, ou o que achamos que agradará a criança. Entre uma categoria e outra, há um sem-número de obras que divertem, aproximam o leitor dos livros, mas nem sempre são obras premiadas ou com críticas favoráveis. O que fazer, então? Como ex-professora de crianças e adolescentes e mãe/tia/madrinha, digo sem medo: coloque-se no lugar da criança que receberá o livro, pense em como você se sentiria ganhando-o de presente; dê uma lida no livro e veja se ele aborda o tema de maneira diferente, se as ilustrações surpreendem, se dá vontade de reler. Muitos de nós não tivemos contato com obras literárias na infância, mas lemos gibis, livros de banca de jornal…e adorávamos! O prazer proporcionado pela leitura vai formando o leitor e a qualidade literária vai aparecendo aos poucos, num processo natural de busca pelo mágico.

Se você quiser conhecer obras premiadas pela qualidade literária, visite o site http://www.fnlij.org.br/principal.asp e…boa leitura!

Para contato com a autora do texto, visite: www.leonorwerneck.com

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